Lúcia
Maria Tavares busca na Justiça o direito de se chamar Lúcia Paiacu Tabajara, em
homenagem às tribos das quais é descendente.
Descendente
indígena, Lúcia Maria Tavares, de 58 anos, ganhou parecer favorável do
Ministério Público do Rio Grande do Norte para inserir o sobrenome da sua
aldeia, natural de Apodi, na região Oeste, no seu registro. O parecer aconteceu
na quarta-feira passada (6). Ela espera a Justiça autorizar a mudança para
passar a se chamar Lúcia Paiacu Tabajara. Ainda não há prazo, no entanto, para
o julgamento.
Lúcia briga pela
mudança do seu nome desde o ano passado, quando deu abertura ao processo e se
baseou numa resolução conjunta de 2012 do Conselho Nacional de Justiça e do
Conselho Nacional do Ministério Público. Ela acredita que será a primeira a
conseguir essa mudança para o nome da etnia indígena no Rio Grande do Norte.
Descendente das
tribos Tapuia Paiacu, do Rio Grande do Norte, e Tabajara, de Pernambuco, ela
diz que a intenção da mudança do nome tem relação com uma questão de orgulho
quanto às origens. "Minha vontade pela mudança é pelo silêncio que sempre
houve, pela história e pela injustiça com qual a tribo paiacu sempre foi
tratada aqui, com referências ruins", conta.
Ela explica que os
próprios antepassados tiveram receio de se admitirem como indígenas, mas cita
que tradições culturais da tribo sempre estiveram presentes. "Após a morte
de nossa líder em 1825, houve um medo das gerações seguintes se declararem como
paiacus, com medo da violência que isso poderia causar", explica.
Em busca de resgatar a origem da tribo, Lúcia criou em 2013 o Museu do Índio
Luiza Cantofa, em homenagem exatamente à líder indígena dos paiacus morta em
1825. Lá, ela diz reunir peças antigas encontradas na região de Apodi, além de
contar um pouco a história da tribo. "Tenho um orgulho muito grande da
tribo. É um povo muito sofrido, mas muito forte e resistente. E que lutou muito
por essas terras", conta.
Lúcia cita sempre
ter tido interesse e zelado pela história da tribo, o que se aprofundou nos
últimos anos com a criação do museu. Em meio a esse processo de resgate
histórico, ela evita dizer que comunidade tapuia está extinta. "Nós ainda
resistimos. Temos que parar de dizer que isso aqui é um cemitério de
índio", diz
FONTE – G1RN
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